Anacruse

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Título: Anacruse
Autora: Teca Mascarenhas
Editora: Dois Por Quatro
Ano: 2024
Páginas: 104
Formato: 14 x 21 cm
ISBN: 978-65-88812-71-6

 

 

APRESENTAÇÃO

Marcos Laffin (*)

Teca Mascarenhas intensamente anuncia sinos com palavras e sentidos, e os sinais de que teremos que enfrentar o outro como parte de uma construção nossa acompanharam a minha leitura. Tudo o que eu aqui disser nessa escrita ressoa da poesia que degela desse outro que emerge da construção da poeta.

A natureza, como natureza viva dentro das catedrais, expressa referências construídas como campo santo de anonimatos e vai tangenciando todo o escuro que se quer e se faz silêncio em versos. Mas o silêncio se transforma em grito de isolamento na busca de uma outra consciência diante da palavra-sentida, palavra-partida.

Em seus poemas, se me coloco no lugar do outro e não vivo esse outro e nesse outro lugar, então me condeno à nostalgia de um nervo exposto. Aqui um universo se retrai. O outro vai se construindo em dobraduras ou, posso dizer, tecendo sensibilidades que contrastam o peso de amar. É esse amar como necessidade do humano, para agir de forma própria e irrenunciável, que se faz compulsório na condição de uma vida.

Nas cavernas subterrâneas do poema, o eu que se espelha no outro, é entregue como possibilidade de um movimento para um agir. Mas se apenas esse eu se fizer reflexo do espelho, então o outro será um movimento em paralisia, vamos designando uma morte, mas que ainda não a temos.

O mar é presença sólida nos seus versos, mas é a forma degelada do outro na expectativa daquilo que arrasta como amor. O amor é tudo que a liquidez do mar pode transformar. E, de repente, o amor é peso, mas também é voo de pássaro que ecoa no próprio voar, um canto de acasalamento silencioso.

As perdas da materialidade ou do sentir (!?) podem se desvelar amareladas, mas guardam memórias de esquecimento improváveis. Contradições? Não. Voos cadenciados por palavras que são sinos disfarçando sinas. Ali, o paraíso ainda é promessa e soa em melindres como se fossem borboletas, enfeitando os olhos, macerando os temperos que regem a constância da vida.

Talvez, e somente talvez, a contingência da vida da poeta possa ser um universo tangível, assim como o violino, capaz de assumir a força avassaladora de silêncios e bravuras, mas sempre em acordes semiplenos. Como poeta-violino-pássaro não existem ingenuidades livres que se façam na forma de voar e, assim, forjando o canto da palavra, Teca Mascarenhas não viola sua inocência com o som da virilidade.

O outro que habita cada palavra do eu deixa de ser a penugem do pássaro, assume o corpo e nele se faz passageiro do voo. É assim que a entrega às vezes se faz de poesia, mas o gozo é sempre poesia.

O seu mar encantado, encanta e soletra os desencantos, e faz do amor pluma e ferro de algo que já se experimentou, de algo que já foi amado, de amar aquilo de que igual nunca terá. A existência do belo, como polaridade de toda e qualquer nuvem cinzenta, situação inquieta, é sempre uma procura, uma constante naquilo que a poeta chama de vida.

Tudo está na condição de semiaberta, de incompletude. Aqui existe um movimento feito no depois de se molhar na débil inspiração para tornar-se seca, mas, derradeira ao primeiro raiar, volta a ser alga quando o mar extravasa sobre ela o mar de um certo olhar.

*  *  *

Onde estará o imaginário ato da criação? Está no mar, como um mantra – caverna e proteção –, de que tudo se faz nas urgências e na leveza dos pássaros. É assim que cada poema de Teca Mascarenhas começa no seu nome, no seu título, no seu endereço de sentir, ali se mistura aos versos e nele se dilui em novos mistérios, nos óxidos dos espelhos, para o regresso de tudo que nos antecedeu.

Porque a vida decorre de uma contingência, existe nesses versos um olhar de humanidade. Dessa humanidade esquecida nas esquinas, em que a poesia se mostra como necessária para uma outra consciência: uma consciência humana. É poesia que cobra presença em outro lugar. No lugar do eu e no lugar do outro.

O avesso, o mar, o abissal e o gosto do silêncio são escrituras que emergem do fundo do Atlântico. São esperanças, por estarem vivas dentro da esperança, e nisso se inscrevem em qualquer lugar de solidão ou em lugares intangíveis.

Os versos que se fazem desnudos estão sempre abertos à semeadura, à fecundação. Nessa construção do eu e do outro escorrem poemas necessários, de plantio diário, de regadas de cada despertar. Nesses poemas, os eus-outros-eus se fazem plurais, inteiros, livres. Nesses versos encontro e encanta-se a poesia da contingência.

Gostei de tudo. Das certezas e das incertezas. Gostei da matéria de onde nascem esses versos, como canto das não-esperas. Atravessei esse seu Atlântico musicado, no qual designa o eu e o outro, mas não se deixa naufragar.

Acaso me pedisse para dizer algo eu diria: Em tempos soturnos me fiz beija-flor.

Um beijo na poesia que você desvela.

Marcos Laffin

(*) Poeta e ensaísta, professor da Universidade Federal de Santa Catarina, UFSC, PhD em Ciências Contábeis, membro titular da Academia Catarinense de Letras, ACL.

 

 

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