Hipólito da Costa: a narrativa da perseguição e a ditadura da toga

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Hipólito da Costa: a narrativa da perseguição e a ditadura da toga

© Dois Por Quatro Editora, 2023. © Moacir Pereira

© Almedina Brasil, 2023

 

ISBN 978-65-5427-211-7

152p. ; 16 x 23 cm

 

Prefácio

JALI MEIRINHO (*)

No processo de emancipação do Brasil no início do século XIX, dois brasileiros alcançaram a imortalidade, ambos com sólida formação humanista e com presságios sobre o destino de um país que se estava construindo: José Bonifácio de Andrada e Silva, com presença física na cena brasileira nos dias decisivos da Independência, e Hipólito José da Costa Pereira Furtado de Mendonça, que, ausente da Pátria e desde a Inglaterra, com genialidade expôs aos seus patrícios noções de liberdade e coragem por intermédio do jornal que fundou, o Correio Braziliense ou Armazém Literário, editado em Londres. O periódico circulou, ininterruptamente, entre julho de 1808 e dezembro de 1822, doutrinando e inspirando a soberania do território sul-americano de domínio português.


Reconhecido como Patrono da Imprensa Brasileira, Hipólito da Costa, foi estudado, principalmente, pela ação como fundador do Correio. Posteriormente, passou a ser reconhecido como pensador liberal, vítima da inquisição, cujo processo narrou em detalhes, como reproduzido e comentado, neste Hipólito da Costa: a narrativa da perseguição e a ditadura da toga.


O autor desta obra, Moacir Pereira, cursou Ciências Jurídicas na lendária Faculdade de Direito, da rua Esteves Junior, em Florianópolis. Jornalista, escritor e biógrafo, com uma carreira agigantada ao longo de mais de meio século, tem presença contínua nos principais jornais, rádios e televisões do estado de Santa Catarina. Cotidianamente, presta informação a todos os setores da comunidade catarinense, com maior enfoque na política; preocupa-se com o desenvolvimento econômico e ocupa-se da cultura, com extraordinária competência. Seu trabalho supera o estrito exercício profissional, pois abraçou causas relevantes para a sua classe como o pioneirismo na criação do Curso de Jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina, do qual foi coordenador; presidiu e dinamizou a Associação Catarinense de Imprensa – Casa do Jornalista e o Sindicato dos Jornalistas de Santa Catarina, tornando-se um exemplo de abnegação para os profissionais dos meios de comunicação.


Privilegiado, testemunhei sua capacidade inventiva desde os primeiros passos da profissão, pelos anos sessenta do século XX, como repórter de emissora de rádio, onde a comunicação exige ágil desempenho e lúcido improviso, até passar a repórter e redator de textos concisos, reportagens marcantes, transformando-se em destacado homem de imprensa no Estado. E foi por isso que, eleito, tornou-se imortal da Academia Catarinense de Letras, ocupante da cadeira 3, desde o ano de 2003. Na instituição engajou-se nas suas causas e atuou como presidente em período difícil entravado pela pandemia, e que superou no resguardo da herança cultural de uma Instituição centenária. Também é membro do Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina na categoria Emérito, sendo detentor da comenda Manoel Joaquim de Almeida Coelho outorgada pela nossa mais antiga entidade cientifica e cultural, com 126 anos, agregando estudiosos do catarinensismo.


Com mais de sessenta livros publicados, o autor soma este, evocando o pensamento do notável patrício que viveu nos tempos turbulentos da formação do Brasil Independente. Com muita acuidade, Moacir Pereira confronta a ideologia em voga naquele Portugal tolhido pelo Santo Ofício, com o que se projeta no cenário brasileiro contemporâneo. Ponto de vista instigante a ser considerado pelos leitores.


Hipólito da Costa é aqui apresentado, bem jovem, convivendo com a intelectualidade na Inglaterra e na Filadélfia, então centro político efervescente da incipiente nação norte-americana. O seu ingresso na maçonaria e as novas ideias levaram-no aos tribunais da Inquisição Portuguesa. Nesse contexto o autor consegue identificar situações análogas ao atual cenário brasileiro, caracterizando perseguição e vingança. A imprensa e a escravidão também são temas em análise. Desde Londres, Hipólito escrevia longe das pressões portuguesas. Para o diplomata e historiador Manuel de Oliveira Lima, o “único jornal periódico português do tempo que podia manifestar independência, porque se editava fora dos domínios reais e tinha à sua frente um homem de espírito desassombrado e clarividente, constitui o melhor, senão o exclusivo repositório das falhas administrativas brasileiras. O jornalista catava-as escrupulosamente para expô-las à luz da publicidade”.


O historiador e diplomata Francisco Adolfo de Varnhagen ocupou-se do papel do Correio Braziliense na história nacional, afirmando: “Talvez nunca o Brasil tirou da imprensa mais benefícios dos que os que lhe foram oferecidos nessa publicação. Hipólito da Costa previa com muita antecipação as probabilidades de separação dos dois reinos e, por sua parte, contribuiu indiretamente muito para a conservação da unidade brasileira”.


A organização de um governo institucional para o Brasil foi tema frequente nas edições do Correio. Em alusão ao movimento separatista de 1817 em Pernambuco, na edição de julho daquele ano, publicou: “Este acontecimento desastroso, como é, em dois sentidos, produzirá, contudo, um efeito benéfico, e é, o de demonstrar ao povo do Brasil que as reformas nunca se devem procurar por meios impostos, quais são os da oposição de força ao governo e efusão de sangue”. Renegava a violência simbolizada na Revolução Francesa.


No Correio de agosto de 1809, advertia: “Não quero, pois, entender, de forma alguma, por governo popular a entrega da autoridade suprema nas mãos da população ignorante, porque isto é o que constitui verdadeiramente a anarquia, e nesta se deve cair necessariamente todas as vezes em que o vigor e o entusiasmo do povo excedem a energia e o talento dos que governam”.
Na questão do trabalho servil, tema em evidência na época, manifestou-se Hipólito da Costa: “É ideia constante querer uma nação ser livre e, se a consegue ser, blasonar em toda parte e em todos os tempos de sua liberdade, e manter em si a escravatura, isto é, o idêntico costume oposto à liberdade”. Enuncia um dilema: “Seria a desesperada medida de um louco destruir de uma vez a escravatura, quando ela, além de constituir parte da propriedade do país, está também ligada ao atual sistema da sociedade tal qual se acha constituída”. Conclui: “A maior parte de nossos sentimentos e das nossas ações depende dos acidentes da nossa educação, e um homem educado como escravo não pode deixar de olhar para o despotismo como uma ordem de coisas naturais... Que se habitua a olhar para o ser inferior como escravo, acostuma-se também a ter um superior que o trata como escravo”.


Aos 28 anos de idade Hipólito da Costa foi encarcerado pela Inquisição em Portugal, depois de permanecer dois anos na América do Norte onde ingressou na Loja Maçônica da Filadélfia, regressara a Europa, sabendo muito sobre o sentimento que moldava as consciências dos recém-independentes no Novo Mundo. Prisioneiro, o Bacharel em Direito e Filosofia pela Universidade de Coimbra, defendeu-se perante um tribunal, do Santo Ofício, que não tinha ouvidos. Após três anos de prisão, conseguiu evadir-se com o auxílio dos “pedreiros livres” de Lisboa e a acolhida dos maçons ingleses. Exilado em Londres, escreveu o texto dogmático Narrativa da Perseguição, relato histórico, objeto do presente estudo sobre os ideais de um patrício visionário, construtor de ideias que vieram até a nossa geração e alcançarão as futuras. 


Este livro, fruto do talento de Moacir Pereira, contribui para ampliar o conhecimento da identidade brasileira. A sua leitura, nestes tempos de turbulência, desarrumação e desencontros, no seio da inteligência nacional, sugere muita reflexão sobre os preceitos constitucionais ameaçados e o equilíbrio dos poderes da República para que a harmonia e o primado da democracia prevaleçam.

(*) Jali Meirinho é historiador, Sócio Benemérito do Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina, Benfeitor do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e membro da Academia Catarinense de Letras, Cadeira 30


 

 

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