Horácio de Carvalho: o amigo de Cruz e Sousa

Título: Horácio de Carvalho: o amigo de Cruz e Sousa
Autora: Maria José Carvalho de Souza
Editora: Dois Por Quatro
Ano: 2020
96 páginas
Formato 15 x 21 cm
ISBN: 978-85-69609-40-7

Apresentacão 

Horácio Serapião de Carvalho é meu bisavô paterno. Cresci escutando histórias sobre ele, de sua vida sofrida e das aventuras de mocidade, com os “amigos da pesada”. Nunca dei muita importância a isso, até que comecei a estudar literatura catarinense, na época do colégio. Lembro de quando chegamos à lição sobre os simbolistas, em que havia a menção a Horácio de Carvalho, este citado junto ao grande poeta Cruz e Sousa. Fiquei muito orgulhosa, já que o meu bisavô (o avô do meu pai), havia sido assunto na aula. Obviamente, o tema principal era Cruz e Sousa, mas meu bisavô fora citado. Minha mãe, Nilda, uma boa professora, explicou-me que os simbolistas tinham um jeito peculiar (algo sombrio), pelo ritmo da poesia, o que me deixou fascinada. Já meu pai, que adorava lembrar do tempo de infância, contava sobre o jeito taciturno do seu avô Horácio, vivendo recluso num quarto fora da casa, e dos desenhos que fazia na parede deste mesmo quarto.
Estes foram meus primeiros contatos com o escritor Horácio de Carvalho, o que despertou em minha vida o desejo de conhecer sua obra, saber mais sobre a amizade e a convivência que ele tinha com Cruz e Sousa.
Depois de vários anos de estudos, apresento aqui o resultado das buscas feitas com meus familiares, especialmente junto às minhas tias Maria e Carmem – filhas de Horácio de Carvalho – e ao meu pai, além, é claro, de pesquisas feitas em bibliotecas e em documentos pessoais.
Dotado de uma personalidade discreta e introspectiva, Horácio de Carvalho era leitor voraz de Taine, Zola, Flaubert, Heine e Eça de Queiroz. Deixou diversos artigos em jornais da época, uma tese – objeto de concurso público para o magistério –, obras que consegui coletar e aqui disponibilizo.
Entretanto, o convívio e a amizade com o poeta João da Cruz e Sousa e a defesa de suas ideias de liberdade e igualdade, além de seu amor pela leitura e o incentivo deste hábito, representam sua maior contribuição para a literatura catarinense.
Sua juventude foi marcada pela amizade com os jovens escritores, idealizadores do movimento “Guerrilha Literária”, amizade esta que perdurou por toda a vida. Inclusive, no tempo em que estudou medicina no Rio de Janeiro, conviveu com Cruz e Sousa e Virgílio Várzea, que também encontravam-se naquela cidade.
Lá, junto com os amigos escritores, escreveu para alguns jornais. Posteriormente, Horácio de Carvalho regressa a Florianópolis, passando a dedicar-se aos deveres profissionais e familiares. Nos últimos dez anos de sua vida, já enfermo, retirou-se para um quarto de sua casa, voltando-se à leitura e ao desenho, optando pela reclusão.
Esta obra é uma coletânea de publicações de Horácio de Carvalho em jornais nacionais e de escritos sobre ele. A leitura dos textos reunidos neste livro, longe de desvelar quem foi este escritor catarinense, levará o leitor a refletir sobre a amizade e como esta pode ser um fator impulsor na busca por conhecimento, na realização pessoal e na luta por um mundo mais justo e igualitário. Mais que um resgate de memórias da família, esta obra pretende contribuir para o estudo dos personagens do movimento conhecido como “Guerrilha Literária” catarinense.
Maria José Carvalho de Souza
Blumenau, julho de 2019.