Norberto Ungaretti: espírito iluminado

Código: DH6NSWEZT Marca:
R$ 60,00 R$ 29,90
Comprar Estoque: Disponível
  • R$ 29,90 PagSeguro
  • R$ 29,90 Boleto Bancário
* Este prazo de entrega está considerando a disponibilidade do produto + prazo de entrega.

INFORMAÇÕES ADICIONAIS

Título: Norberto Ungaretti: espírito iluminado
Autor: Moacir Pereira
Número de páginas: 328
Ano: 2020
Editora: Dois Por Quatro
ISBN: 978-65-88812-01-3

 

INTRODUÇÃO

“Viver é praticar o bem”, costumava repetir o inesquecível professor Norberto Ungaretti, sempre que temas relativos às desigualdades, à falta de solidariedade, às injustiças e à inexistência de gestos de caridade passassem a constar de uma conversa descontraída ou de um debate em eventos.
Esta ideia fixa, em seu caso, era reflexo de uma atitude permanente diante da vida. Nas várias atividades que exerceu ao longo de uma existência humana exemplar e excepcional, olhava para os semelhantes, em circunstâncias pessoais, financeiras, políticas, filosóficas ou religiosas, como se ele mesmo fosse o destinatário do benefício ou da solidariedade material ou espiritual praticada.
Práticas, atitudes ou ideias que lembravam uma das inúmeras lições imortalizadas por Madre Teresa de Calcutá: “O importante não é o que se dá, mas o amor com que se dá”. Ele se doava nos atos de caridade. Por isso, e muito mais, os milhares de alunos que tiveram o privilégio de ouvir suas imperdíveis aulas de Direito Civil na Faculdade de Direito e depois de 1970, no Centro de Ciências Jurídicas da UFSC, na Escola Superior da Magistratura, ou em outras instituições, a imagem fixada na memória recorda mais do que um mestre qualificado, dedicado e estudioso.
Sobrepunha-se aquele propósito de acrescentar a sabedoria, o ensinamento filosófico, o exemplo de vida, a coerência, a vontade inabalável de se transformar numa espécie de guia espiritual a indicar os caminhos do aprendizado, da justiça e da felicidade.
Ele era diferente dos demais quando subia naquela tablado e sentava-se à mesa, sempre de terno escuro e gravata discreta, para transmitir as interpretações mais lúcidas e pedagógicas dos complicados artigos do Código Civil ou analisar as normas do Direito de Família.
Sabia ensinar com um singular poder de comunicação, mas também era receptivo nas intervenções dos acadêmicos. Sua presença alegre e recheada de sabedoria e conhecimento se iluminava na lealdade aos governadores que serviu com invejável competência, nos cargos mais importantes da administração pública, no exercício de mandato popular, desde quando ainda jovem.
Dedicou-se como poucos a estimular a criação ou a dirigir organizações de pesquisa como o Arquivo Público de Santa Catarina, o Instituto de Genealogia ou o pioneirismo da Associação Catarinense para Integração dos Cegos. Ou a dar sua contribuição à mais importante entidade social, esportiva e recreativa de Santa Catarina, a única do estado projetada por Oscar Niemeyer como o Lagoa Iate Clube. E, principalmente, a dedicar-se de corpo e alma a Seove, instituição de assistência a idosos, missão que cumpria com acendrado amor. Dedicação a estas e outras instituições aqui relatadas.
Seu desapego às coisas materiais, fundado na ética da solidariedade e de fazer o bem, era comovente. O dinheiro só tinha valor se fosse para fazer alguém feliz.
Quando tive acesso a dados biográficos do grande jornalista, ensaísta, filosofo e escritor russo Fiódor Dostoievski, considerado um dos maiores romancistas da literatura mundial – Crime e Castigo, Os Irmãos Karamazov, grandes sucessos no cinema – ali encontrei o perfil do professor Ungaretti: “Não é o cérebro que mais importa, mas sim o que o orienta: o caráter, o coração, as ideias progressistas e, sobretudo, a generosidade”.
A caridade do professor Norberto Ungaretti, contudo, era exercida em sua plenitude, nas mais diversas funções que ocupou durante sua trajetória, como revelaram os que tiveram o privilégio de com ele conviver nas instituições que ajudou a fundar ou presidiu.
Ele se revelava igualmente um ser humano especial quando pedia paciência aos filhos, aos alunos, aos amigos mais próximos e até aos confrades das instituições culturais, no ouvir melhor os interlocutores, ainda que estes pouco tivessem a acrescentar.
“Vivendo em generosidade” é o último capítulo deste livro. O professor Norberto Ungaretti foi imbatível em inundar o mundo em que viveu com atos, intervenções e decisões marcadas pelo fazer o bem, preocupar-se e dar atenção aos outros do que a si mesmo.
Entre as virtudes, qualidades e valores humanos e éticos que distinguiram sua vida, a generosidade foi o marco constante, a presença obrigatória do seu viver e do seu conviver.
Esta obra não tem a pretensão de ser uma biografia, no tocante ao gênero literário ou à metodologia científica, embora seja pontuada por traços biográficos. É, de fato, um testemunho jornalístico de mais de 50 anos de convivência com um dos catarinenses mais generosos e iluminados, que se projetou nas letras e nas artes, no campo do Direito e da Justiça, da história e pesquisa, sobretudo na relação humana.
Dentre tantos e premiados escritores, jornalistas e historiadores – dentro e fora da Academia Catarinense de Letras – que tiveram o privilégio do convívio com o professor Norberto Ungaretti, certamente, há muitos com maiores credenciais para prestar-lhe esta merecida homenagem. Contudo, no ano de 2019, tive o privilégio de coordenar a edição da mais completa biografia de Jerônimo Coelho, por ele pesquisada e redigida, fruto da mais longa investigação já realizada em Santa Catarina e no Brasil.
Graças ao empenho da maçonaria estadual e à colaboração da família, o livro de Norberto Ungaretti sobre o mais ilustre catarinense no Império tornou-se uma realidade a ser celebrada, tornando perene o seu histórico trabalho.
Durante os últimos anos de fraterna e memorável convivência, abri uma pasta com artigos, pensamentos, entrevistas e dados sobre o professor Norberto Ungaretti. Tinha esperança de obter sua concordância para um ambicioso projeto: gravar as histórias memoráveis de sua convivência com personagens, líderes políticos, autoridades, enfim, aquelas narrativas que encantavam amigos e grupos que o rodeavam em todas as instituições que frequentou ou dirigiu.
O mestre não rejeitava a ideia, mas não se empolgava com a sua execução, dando-me a impressão que sua ética, discrição e exagerada cautela tinha preocupações em relação aos personagens principais de suas encantadoras e inéditas histórias. Relatos, diga-se, que fazia com aquele bom humor, com minúcias e impactantes conclusões.
No início do ano de 2020, a Academia Catarinense de Letras decidiu incluir entre os atos comemorativos de seu centenário de fundação a publicação de algumas obras, entre elas a homenagem ao imortal e ex-presidente Norberto Ungaretti, que cogitava escrever, a partir de projeto apresentado na primeira reunião do ano.
Com o advento da maior calamidade sanitária da história – a pandemia do Coronavírus – impondo-me isolamento total, mergulhei na redação do trabalho, mesmo enfrentando incontáveis barreiras e desafios. Entre eles, o fechamento total da Biblioteca Pública do Estado, da Biblioteca Universitária da UFSC, o isolamento das entidades fundadas ou presididas pelo professor Ungaretti e a suspensão das atividades da Academia Catarinense de Letras e do Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina, duas imprescindíveis fontes de pesquisas – dificuldades que tornaram as pesquisas um esforço penoso, pela impossibilidade de confirmação dos principais nomes, datas, fatos e registros fotográficos de episódios e personalidades.
Mas que, em contrapartida, permitiram reviver dias, semanas e meses de grande satisfação e alegria pelo resgate do que foi descoberto sobre a riqueza de informações da vida e da obra do professor Norberto Ungaretti.
Como se verá, surpresas e acontecimentos que deram a alguns capítulos um tom pessoal e mais emocional. Afinal, em tudo o que fazia revelava o prazer em compartilhar. Suas palestras sobre espiritismo costumavam atrair grandes plateias, que ficavam encantadas com o conteúdo e com o humanismo de sua pregação.
Convivia na simplicidade com pessoas de todas as origens, cor, ideologia, raça ou fé religiosa. Tinha uma forma humilde e pedagógica de transmitir as lições do Pai do Espiritismo, aplicando-as: “O egoísmo, o orgulho, a vaidade, a ambição, a cupidez, o ódio, a inveja, o ciúme, a maledicência são para a alma ervas venenosas das quais é preciso a cada dia arrancar algumas hastes, e que têm como contraveneno a caridade e a humildade.”
Raro era encontrar o professor Norberto Ungaretti com semblante pesado ou indiferente aos que o rodeavam. Parecia sinalizar que quanto mais se doava aos outros, quanto mais auxiliava os mais pobres que toda semana e até diariamente o procuravam, mais se sentia feliz.
Como, no dizer de Auguste Comte: “Viver para os outros não é apenas lei do dever, é também a lei da felicidade.”
É provável que testemunhos ricos e relevantes ou que passagens merecedoras de destaque estejam ausentes desta obra, o que deve ser debitado às restrições impostas pela pandemia.
Evidenciado está, porém, que o professor Norberto Ungaretti foi um magnífico paradigma, um ser humano realmente excepcional, um homem que “viveu para praticar o bem” e que imortalizou sua passagem como um “espírito iluminado”.

Produtos relacionados

R$ 60,00 R$ 29,90
Comprar Estoque: Disponível
Sobre a loja

É com o espírito livre que se apresenta esta nova editora catarinense. Os pés nas raízes brasileiras, mas olhando globalmente, para além das fronteiras, com curiosidade, atenção e abertura a todos os estilos literários. Traz em seu quadro profissionais com larga experiência no mercado editorial. Publique seu livro com a Dois Por Quatro Editora. Estamos à sua disposição!

Pague com
  • PagSeguro V2
  • PagSeguro V2
Selos

MARIA CECILIA PILATI DE CARVALHO FRITSCHE 03093423929 - CNPJ: 19.983.050/0001-64 © Todos os direitos reservados. 2024