A busca da visão: uma experiência em Segualquia

A busca da visão: uma experiência em Segualquia

Autor: Dinho Rovaris
Editora: Dois Por Quatro
Número de páginas: 80
Formato: 21 x 15 cm
ISBN: 978-85-69609-09-4
Peso: 160g
Ano: 2017

Prefácio

Um homem que busca conhecer. Uma cerimônia ancestral chamada “A busca da visão”. Uma grande oportunidade na vida, uma oportunidade completa para o homem inteirar-se. Um encontro com o conhecimento trazido desde tempos imemoriais, de geração em geração, fluindo na sabedoria do Caminho Vermelho, sob orientação e liderança do Fogo Sagrado de Itzachilatlan.
A Montanha de Visão – simbólica e efetivamente – é um templo edificado pelo próprio Mistério, onde tudo o que ali se encontra é como um instrumento de conexão real e profunda com o “tudo que É”. A Sabedoria ali se apresenta em eloquente simplicidade, por um propósito maior com o qual o homem pode, com toda a intensidade, conviver, partilhar, tomar a oportunidade para (re)conhecer-se.
No tempo em que se é chamado a aconchegar-se em uma montanha de visão, face a face com tudo o que constitui nossa “bagagem interna”, deparamo-nos com a possibilidade de sentimentos como o medo e a solidão, e de sensações como a fome e a sede. Em meio a essa tão grande e inusitada sequência de impactos físicos, mentais e emocionais, na medida em que se aquieta o temor, em que se assimila a aparente solidão, quando se concilia a fome e a sede, aos poucos se apresenta a “luz”, se faz o entendimento que advém da aquietação da mente, da ampliação das percepções, da claridade dos sentidos, que nos coloca em prontidão para acolher o ensinamento direto, vindo das quatro direções sagradas, que brota e flui de todas as coisas.
Aí, nesse lugar, sob os impulsos dessa “tecnologia do sagrado”, por quatro dias e quatro noites, esteve o Dinho com sua “bagagem” de buscador, formada desde sua adolescência, quando, guiado pela curiosidade, saiu a questionar e a experimentar, caminhando persistentemente em busca de novas e enriquecedoras experiências.
Por quase duas décadas dedicadas a práticas de meditação e de Renascimento, por meio de atendimentos individuais, cursos e workshops, o autor, como missão de vida, vem mobilizando pessoas a promoverem seu autoconhecimento, a decidirem sair da “zona de conforto” e empreenderem o mergulho em si mesmas.
Neste relato, Dinho nos brinda com a compreensão de que aplica em si mesmo o que propõe aos seus alunos e clientes: um mergulho em si mesmo. São profundos e intensos seus entendimentos e insights alcançados no contato com Segualquia e seu povo, e, principalmente, naquele reduzido (e ao mesmo tempo imenso) espaço cercado pelo atado de tabaco, preenchido por suas intenções e rogativas.
O autor nos dá conta de que nesse lugar teve a oportunidade de desenhar um ninho onde pode sentir-se em unidade, onde pode receber um ensinamento, enviar um agradecimento, elevar uma súplica e ouvir uma voz. A voz do Grande Espírito manifestada por meio de todos os elementos e seres à sua volta, em contato íntimo e preciso.
De forma clara e direta, Dinho compartilha esses achados que realizou em si mesmo, descrevendo sua experiência e seu aprendizado de modo a nos possibilitar reflexão, motivação e fortalecimento para seguir a caminhada.
Talvez um dos maiores ensinamentos que se alcance na Montanha de Visão – e que fica bem traduzido e exemplificado pelo autor – seja exatamente o de adquirir e manter uma boa atitude com tudo o que se encontra em nossa vida diária, em nossas relações. Que não se pode manter uma atitude de lamentação, de mal-estar diante do extraordinário e da abundância que se apresenta para nós a cada momento. Que se deve ter sempre uma boa atitude, de poder encontrar e reconhecer o Grande Espírito em tudo, nas árvores, nas plantas, nos animais, na água, no vento, no Homem, em todas as coisas que nos cercam.
É um ensinamento básico que se encontra dentro do esforço da busca do espírito em todas as coisas e ouvir o próprio Ser na canção do próprio coração, e compreender em cada momento o todo que necessita de verdade, pois a busca da visão nada mais é do que a busca de si mesmo, com sinceridade, integridade, vontade e humildade, e nisso se manifesta o poder, o poder de transformar a visão em algo útil, algo que traga paz e alegria para si mesmo e para toda a humanidade.
Por toda a nossa gente, agradeço muitíssimo ao Dinho pelo trabalho que realizou na Montanha de Visão, e por partilhar conosco esses ensinamentos.
Mitakuye Oyasin.

Aleto Silva
Membro do Conselho do Fogo Sagrado de Itzachilatlan do Brasil