Pedro Ivo Campos: um perfil jornalístico

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Título: Pedro Ivo Campos: um perfil jornalístico
Autor: Moacir Pereira
Editora: Dois Por Quatro
ISBN: 978-65-88812-16-7
Formato: 16 x 23 cm
Número de páginas: 180
Ano: 2021

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PREFÁCIO

Em busca do tempo perdido

Apolinário Ternes (*)

“Como é estranho que o passado seja tão pouco compreendido e tão rapidamente esquecido”. A frase é de Winston Churchill, lembrada pelo historiador Andrew Roberts, no monumental Caminhando com o destino (Companhia das Letras, 2020).

Mesmo tendo decorrido apenas quatro décadas desde que se registraram os acontecimentos inquietantes lembrados nesta nova e importante obra do jornalista Moacir Pereira, notável e solitário biógrafo da política catarinense, espanta qualquer um a constatação de como se transformaram os conceitos morais e éticos que deveriam pautar aquela que, desde Aristóteles, é convencional dizer que se trata da mais essencial das atividades do homem. E apenas em quatro décadas, nas quais a sociedade brasileira tenta se desvencilhar de seu histórico e repetido atraso, e não apenas na política.

Como jornalista que iniciava suas funções na imprensa, acompanhei todo o período, sempre na confortável posição de comentarista e repórter da cena política do estado. Convivi com Pedro Ivo, com Luiz Henrique, assim como com Esperidião Amin, Henrique Córdova, Jorge Bornhausen e tantas e tantas outras lideranças da vida pública.

Com o ex-prefeito e ex-governador Pedro Ivo, estive no outro lado do balcão. Isto é, na função de assessor de imprensa, que sempre proporciona um olhar diferente dos acontecimentos, das perspectivas e das possibilidades.

Revendo as entrevistas reunidas nesta edição, duas conclusões nos assombram: a objetividade, simplicidade e correção do comportamento público de Pedro Ivo. E como, desde lá, a política pode mudar de padrão de forma tão avassaladora e constrangedora, de forma quase irrecuperável. No Brasil e em Santa Catarina se produziu a velha lição que vem da França – quanto mais se mexe na política, mas ela fica a mesma coisa. No Brasil, sabemos, a mudança se dá sempre em perspectiva negativa.

O perfil jornalístico de Pedro Ivo Campos, preciosamente aqui preservado e colocado nos arquivos da história, é uma contribuição decisiva para se compreender a política em SC e para entender o Brasil de nosso tempo. Como conseguimos avançar da ditadura de 1964-1985 e desembarcar agora, nos tempos de Bolsonaro, ainda e sempre um personagem vinculado aos tempos do regime militar? Quando Pedro Ivo obteve grande vitória em 1972, depois de perder duas eleições para a prefeitura, iniciava-se um novo capítulo na história administrativa e política de Joinville. O discurso do político, conservador como sempre foi, demarcava uma nova forma de fazer política, mais transparente, mais racional, mais objetiva em termos de eficiência da máquina pública, destroçada nos últimos anos do regime militar.

O mandato de prefeito, entre os anos de 1973 e 1977, foi dos mais relevantes para a cidade. Não apenas em termos urbanísticos, mas na dimensão legislativa, com o plano diretor, o distrito industrial e o campus universitário. A postura do prefeito, contudo, foi-lhe abrindo as portas para o governo do estado, seu objetivo declarado desde o fim do mandato de prefeito. Em 1986, depois de graves controvérsias sobre a candidatura do PMDB, Pedro Ivo chegou ao governo. O discurso de renovação, de austeridade, de recuperação das contas públicas, de restauração dos princípios políticos, tudo o que fora endossado pelos eleitores nas urnas, exigiu posturas quase radicais do governante, num desgaste que acabou por conduzir a estado precário a saúde já debilitada de Pedro Ivo. Afastado para recuperar forças, Pedro Ivo ainda voltaria para os meses finais, vindo a morrer no cargo, como Hercílio Luz, em 1926. Por coincidência, na década de 1920 se construiu a primeira ponte, na de 1990 se finalizava a terceira ligação, que receberia o nome de seu construtor.

A administração de Pedro Ivo está retratada em muitas das entrevistas reunidas neste livro, e revela o quanto as finanças estavam arruinadas, quanto tanto se exigiu de cortes e congelamento de salários e de obras. O quanto o administrador teve que lutar para mostrar que não havia sido eleito para continuar com os mesmos métodos e valores anteriores. Sim, foi um período de grande enfrentamento e, de certa forma, cobrou preço elevadíssimo, tanto de ordem pessoal, quanto na dimensão coletiva, no atraso do estado e na invencível administração da dívida pública. Duas lições de gravíssimo peso que Santa Catarina já esqueceu, pois está a repetir os erros de passado recente. A observação de Churchill, de quase um século atrás, de ‘como o passado seja tão pouco compreendido e tão rapidamente esquecido’, deve merecer análise e reflexão nos dias atuais, aplicadas com a reza e a régua de Pedro Ivo.

A política tem se deteriorado gravemente no Brasil ao longo deste espantoso século 21. Desde 2003, com a chegada do PT, até os agitados e desorientados tempos de Jair Bolsonaro, a nação tem navegado por águas dantes nunca navegadas – nem mesmo nos tempos de Ulisses, o grego, nem do outro Ulysses, o do PMDB. Vivemos tempos tempestuosos na política, assim como nas questões climáticas e ambientais, mas, principalmente, na ordem moral e ética é que se afundam nossas esperanças, pois as instituições padecem de seriedade e credibilidade.

Os ocupantes dos poderes nunca foram tão ruidosamente repelidos pela sociedade, que, lamentavelmente, participando de eleições, acha que vive numa democracia. As democracias morrem, ou se transformam em ciladas que encurralam todas as esperanças. Trata-se, aliás, de questão mundial, pois a decrepitude da política é uma questão mundial, tal qual a ambiental.

A contribuição à memória e à história de Santa Catarina fica mais rica com esta oportuna obra do colega Moacir Pereira. Ele também testemunha e protagonista do jornalismo político e cultural de todo o ciclo de 1970 a 2020. Recebo como honra e privilégio o convite para alinhavar os breves comentários desse pilar da nossa historiografia, como tantas outras obras do autor, um produtivo e dedicado operário da memória catarinense.

(*) Apolinário Ternes é membro da Academia Catarinense de Letras, da Academia Joinvilense de Letras e do Instituto Histórico e Geográfico de SC. Exerceu o jornalismo por quase 50 anos, de 1968 a 2015, tendo sido assessor de imprensa da Prefeitura de Joinville no governo de Pedro Ivo Campos.

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