Título: Cotidiano, o sagrado
Autor: Luís Augusto Cassas
Ano: 2023
Categoria: Poesia
Editora: Dois Por Quatro
ISBN: 978-65-88812-56-3
Peso: 150g
Formato: 14 cm x 22 cm
90 páginas
“Luis Augusto Cassas trafega no mundo e presencia o encontro entre duas realidades – aquela que emerge em sua materialidade e constrói o ordinário e a outra submersa numa dimensão paralela. Essa última, depositária do incomunicável. Sombras que os olhos do corpo não enxergam. Nem tampouco o entendimento maniqueísta supõe.
O poeta testemunha a colisão das realidades em questão. Uma hóspede na mornidão dos dias e a outra, sonegada à superfície, guardiã do obscuro emaranhado de fios ocultos debaixo da materialidade das coisas do mundo.
Misturadas as realidades formam um terceiro elemento complexo que carrega em sua órbita a energia da qual é constituído. São anímicas as “coisas do mundo”. Restritas em sua palpabilidade e inesgotáveis em sua incorporeidade. Nesse fenômeno não há o que no mundo concreto e presente não seja também côncavo – abrigo de ancestralidades e mistérios.
Há registros encarnados na menor das partes. Infindável a pluralidade de aspectos que podem constituir um objeto, um ato, um fato, uma relação etc.
Algumas generalidades são universais. A finitude, entre elas, é uma mancha que jaz impregnada em tudo que vive. Motivo de sofrimento para nós humanos e germe de paralisações do sentir. Para defender-se da dor trazida pela ameaça da finitude acontece a hipertrofia da racionalidade e a atrofia da experiência emocional frente à aluvião do viver. Mas o caso é que “as coisas do mundo “estão imantadas de propriedades etéreas. Se não pudermos senti-las não alcançaremos o infinito impalpável que vibra pulsante no finito palpável.
Em Cotidiano, o sagrado o poeta encarna suas vivências com esse emaranhado de realidades. O poeta ausculta o drama do mundo em sua batalha entre o chão e o firmamento. Vislumbra o anseio humano de aferrar-se ao solo e expulsar o transitório e sua antagônica aspiração em ter asas e desprender-se do perene.
Egresso desse enlace esculpe seus poemas. Mergulhar neles conduz ao contato com algo imaterial, pujante e aerado. À presença voejante do imenso celeste pulsa a vida terrena, necessária, essencial, pequena”.
Carla Oléa
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A ARTE DE ATRAVESSAR O INFERNO
o paraíso
não é pro
outro lado
o paraíso
é sempre
depois
atravesse
o fogo
brinque
nas chamas
queime
as pontes
consuma
nas labaredas
as tribulações
lembre-se
o paraíso
está em você
Luís Augusto Cassas
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