Lágrimas: poemas

Título: Lágrimas: poemas

Autor: Luiz Felipe Siegert

Editora: Dois Por Quatro

ISBN: 978-65-88812-33-4

Páginas: 72

Ano: 2022

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PREFÁCIO

O vento pampeiro estremece o sul do mundo e traz em seu bojo às terras catarinas, como dádiva astral, certo espartano de coração adestrado às batalhas campinas entre animais bravios e bravos homens, um preclaro causídico a magistrado, amante da poesia e do Direito Universal. E Schuch palmilhou o estado de Santa Catarina, passo a passo, deixando em seu rastro justiça por bom julgador investido de Juiz de Direito. Do périplo, feito oráculo e arauto das leis nas prolatadas sentenças, o paladino da Luz fez seu trabalho exemplar, galgou degraus e, consequentemente, o Estado investiu o doutor Luiz Felipe Siegert Schuch no cargo de Desembargador do Tribunal de Justiça do Estado de Santa Catarina, sediado em Florianópolis. Na ilha, ele como ser, sente suas couraças atenuadas ou tênues, amolecidas mesmo, à frente do oceano imensurável e brilhante com praias plácidas de horizontes sem limites. Calejado da lida e do malhete sentencioso, ao contato com a ternura da fala mané despretensiosa junto à plangência do marulhar das ondas mansas, sua alma se espraia igual a areia entre as ondas a se depositar no combro e entoa cânticos poéticos do amor, acompanhados pelo som mágico da lira marulhante do mar. Com essa inspiração, vários outros poemas foram sendo compostos num linguajar diverso do que escrevia antes.
Aqui, a revelação do magno vate Luiz Felipe nesta nova obra, compondo versos sob exalações dos encantos da Ilha de Santa Catarina, buscando, à distância, as reminiscências da infância nos velhos pagos, em evocações diversas, como a do venerável e saudoso progenitor que o provia de afetos sem limites nas atenções paternais – “lembro a bicicleta”...; ...“e lembro-me dele”... “Caminhos são traçados / Antes de abrirmos os olhos / Desde o primeiro suspiro / Até voltarmos ao solo.” Sente-se da alma do bardo a plangência dos sentimentos advindos de perdas de pessoas amadas. Do pai e amigo, que o seu estro estampa na poética figurada em tatuagens humanas da própria existência inteira – do ventre à campa. Presta homenagem à avó de suas filhas, falecida recentemente – “Lembranças ternas do mais sublime amor”. Faz citações de seus sentimentos sobre os encantos de locais desta ilha d’idílios, a exemplo da Padoka – padaria instalada na casa encantada do grego Agapito Katcipis, de origem da Ilha de Kastellorizo, desbravador moderno da Praia de Fora que deu vida à região com o frenesi de um bar, abrigado do sudunga (“velho vento vagabundo...” – Cruz e Sousa), ali funcionando em meados do século passado; ou da Casa de Saúde São Sebastião, situada no largo de mesmo nome, onde uma pequenina capela tangendo um sino de aldeia faz do campanário a alma do vate, ainda ecoando nela algum soar de badaladas.
O poeta Luiz Felipe tem outras revelações de ternura e lirismo postas em poemas com rimas formais ou acidentais, versos livres ou metrificados e sempre com compasso e ritmo na modulação da mensagem de conteúdo vindo da alma para a alma do leitor. Sua poética é digna dos seres de espíritos sensíveis eleitos para alumiar com luz própria as letras; verve, arte e engenho que lhe asseguram dons anímicos, às vezes divinatórios antevendo o futuro, para compor textos em prosas ou versos moldados e sintetizados na essência do belo, pois “só a beleza salvará o mundo”, escreveu Dostoiévski.
Agradeço o privilégio de ler LAGRIMAS, em primeira mão, maravilhosa obra aqui apresentada aos caros leitores que igual a mim, creio, se deleitarão, tocados pelos versos do poeta Luiz Felipe, um vencedor, que tem a palavra Siegert em seu nome significando “vitórias” no idioma de origem, o germânico. Sobrenome esse, advindo da progenitora de origem alemã nascida em Berlim. 
Gratidão! 

Laerte Tavares
Titular da Cadeira 16 na Academia Catarinense de Letras